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Mostrando postagens de agosto, 2022

Crítica | “Não! Não olhe!” (2022)

Por Lucas Borba Consultoria: Vanessa Delfino Recentemente, o termo “narrativa textão” vem se popularizando para falarmos de um tipo específico de subtexto presente em um filme, uma série ou afins quanto ao Storytelling. Via de regra, “narrativas textão” apresentam, em primeira instância, um conteúdo de fácil percepção, explícito - aquele bem óbvio e exposto claramente nas linhas gerais de introdução, desenvolvimento e conclusão da trama -, e outra camada mais profunda e implícita, que traz em seu subtexto alguma crítica social ou reflexão velada e eventualmente possibilita que a mesma história seja interpretada de formas diferentes. Narrativas assim são as minhas prediletas, não apenas porque permitem uma união plena entre o entretenimento e a cultura – a arte, creio eu, em seu maior potencial -, mas porque nesse processo ampliam o escopo do público passível de ser impactado pela obra e facilitam a comunhão e a troca de conhecimentos entre pessoas de perfil e realidades distintas

Crítica | “Dark Web: Cicada 3301” (2021)

Por Lucas Borba Quanto mais uma narrativa sabe qual tom ou quais tons usar para a história que deseja contar, melhor será o seu resultado final. “Dark Web: Cicada 3301” tem bem amadurecidas tais escolhas narrativas. Observar essa maturação, diga-se de passagem, é empolgante, já que este é o primeiro filme dirigido pelo ator e produtor americano Alan Ritchson, que chega aos cinemas brasileiros no dia 1º de setembro, com distribuição da A2 Filmes. Tive acesso à cabine de imprensa digital promovida pela distribuidora e agradeço a oportunidade. Infelizmente, por enquanto filmes independentes exibidos em um número menor de salas de cinema não têm a obrigação de disponibilizar a obra com audiodescrição, esse recurso de acessibilidade comunicacional tão importante a um jornalista como eu, que sou uma pessoa com deficiência visual, e claro, ao público em geral na mesma condição. Para quem não sabe, a audiodescrição descreve por meio de uma narração em off os elementos visuais que aparece

Crítica | “O telefone preto” (2021)

Por Lucas Borba Para analisarmos o conteúdo de uma história, seja em que mídia for, inclusive no audiovisual, temos de sempre levar em conta quanto controle a narrativa tem sobre si mesma ou, pelo menos, quão gratuitas são ou não suas escolhas. Confesso que fui para o cinema sem ter ideia de que estava prestes a assistir a uma adaptação de um conto de Joe Hill, um dos filhos do “mestre do terror” Stephen King, e fiquei muito feliz ao ser informado disso pelo próprio filme nos primeiros segundos de exibição. Li somente um dos livros desse autor até hoje, “A estrada da noite”, do qual gostei bastante e sempre imaginei que boa adaptação poderia ser feita dessa história para o audiovisual. Senti-me empolgado, portanto, ao descobrir na própria sala de cinema que o novo filme de Scott Derrickson – mesmo diretor de “A entidade” (2012), filme que particularmente aprecio – é fruto de outra obra de Joe Hill que eu desconhecia. Sendo eu um jornalista com deficiência visual, tive o prazer de a

Crítica | "Gêmeo maligno" (2022)

Por Lucas Borba Como é natural, ao longo da história do cinema o gênero terror teve momentos altos e baixos, mas sempre soube se reinventar, seja reciclando de forma competente filmes ou franquias bem-sucedidas ou trazendo novas histórias para as telonas, telas e telinhas. O dito “novo terror” surgiu como um movimento nesse último caso que tem dado o que falar. A verdade, porém, é que o “novo terror” nem tem nada de tão novo assim. O que ele faz é enfatizar em sua narrativa elementos associáveis a um terror mais literário e, além disso, à concepção mais original do terror enquanto propósito. Não apenas um mero entretenimento baseado em sustos fáceis, o terror surgiu nada mais, nada menos do que com o objetivo de abordar medos e inquietações comuns ao nosso cotidiano, sejam tais fontes de temor concretas ou mentais e psicológicas. Narrativas com essa proposta raiz, dentro de seus subgêneros, no geral sempre se concentraram em uma de duas reflexões principais – e aqui as listarei no

Crítica | "Desaparecidos" (2021)

Por Vanessa Delfino  Ultimamente  tenho adotado o costume de assistir a filmes sem ler sinopse, críticas ou ver trailers. Claro que quando se trata de um filme muito aguardado, com uma campanha pesada de marketing, é praticamente impossível ficar imune aos comentários. Felizmente não é o caso desse filme franco-coreano, "Desaparecidos" (2021). Depois de ter assistido soube que ele foi exibido no Festival de Berlim, mas a estreia oficial nos cinemas aqui do Brasil foi dia 04 de agosto e eu pude assistir sem saber o que esperar. Sem nem saber que se tratava de um filme franco-coreano. Recomendo muito essa experiência, porque é uma forma pura de avaliar a obra pelo o que ela realmente é, livre de toda e qualquer influência.  Enfim, vamos ao filme. Ele começa com os créditos tanto em francês quanto em coreano e, ao longo da história, vemos que diversas são as línguas faladas: além do francês e do coreano, também há falas em inglês, português e chinês. Nesse sentido, imagino que a

Primeiras impressões | Sandman – 1ª temporada (2022)

Confira a crítica em vídeo clicando neste link . Por Lucas Borba Meu contato com as obras de Neil Gaiman até assistir aos primeiros episódios de Sandman se limitou a dois de seus livros, Lugar Nenhum e Deuses Americanos, bem como à série da Amazon Prime Video que adapta este último e à série Good Omens, do mesmo streaming. De minha parte, o que posso dizer é que até então, naturalmente tendo por base apenas as experiências citadas com as produções desse artista que já se tornou um ícone da cultura pop, considero a imersão nos trabalhos de Gaiman muito mais um ótimo exercício reflexivo, para não dizer filosófico, do que propriamente narrativo. De fato, creio que a adaptação televisiva de Good Omens foi a produção que mais me gerou expectativas pelo que estaria por vir e, ainda assim, ao término dos episódios a história me pareceu muito curta para o potencial de tudo o que apresentou. Ou seja, longe de serem experiências ruins, mas que dentro de suas propostas com tantas possibilidad

Sobre nós

Blog do grupo Domínio Acessível – fundado pelo jornalista e audiodescritor consultor Lucas Borba e pela tradutora e audiodescritora roteirista Vanessa Delfino – sobre cultura e acessibilidade. Acreditamos na arte para todas as pessoas, seja no cinema, na TV, na literatura, nos quadrinhos, no teatro, na música ou em quaisquer formas de expressão, e portanto falaremos de tudo isso e o tema da inclusão aparece ao mesmo tempo com naturalidade, já que um dos criadores do blog, Lucas Borba, é ele próprio uma pessoa com deficiência visual!   Siga o Domínio Acessível no Instagram . Curta o Domínio Acessível no Facebook.

Crítica | Quem tem medo? (2022)

Confira a crítica em vídeo clicando neste link . Por Lucas Borba Para falarmos a respeito de um documentário, temos de compreender que dois elementos devem inevitavelmente ser levados em conta: o caráter jornalístico da produção e a sua narrativa – o famoso storytelling. É claro que toda matéria ou reportagem também necessita de uma narrativa, mas em um documentário espera-se que este segundo elemento desempenhe um papel ainda mais evidente para enfatizar o caráter humano envolvido na pauta em questão. Enquanto produção jornalística, porém, o modo como o storytelling é aplicado também auxilia ou não na valorização da narrativa em termos de apuração ou investigação. Sem dúvida, o lado humano está mais do que presente no documentário “Quem tem medo?”, da Embaúba Filmes, com direção de Dellani Lima, Henrique Zanoni e Ricardo Alves Jr, que estreia nos cinemas no dia 4 de agosto. Tive acesso como jornalista do veículo Câmera Cega, agora pertencente ao grupo Domínio Acessível, a uma cabine