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Crítica | Resistência (2023)

Cartaz do filme "Resistência" (2023) Por Lucas Borba “Resistência" (2023) é um filme que exemplifica como a ficção científica pode transcender suas raízes e se tornar uma metáfora impactante para os conflitos atemporais que marcam a história da humanidade, ao mesmo tempo em que dialoga com questões prementes da sociedade contemporânea. Não por acaso, histórias de viagem interestelar tinham um significado específico durante a Guerra Fria, mas continuam a fazer sucesso até hoje ao evocar o eterno fascínio humano pelo desconhecido, pelo inexplorado. Em “Resistência”, a trama mergulha de cabeça na discussão sobre Inteligência Artificial, um tema inebriante e urgente nos bastidores da indústria cinematográfica e na sociedade como um todo, enquanto também se apropria do eterno conflito humano com o diferente. No enredo, situado em um futuro distante em meio a um embate entre humanos e as hostes da Inteligência Artificial, somos apresentados a Joshua (John David Washington – si...
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Crítica | "Oppenheimer" (2023)

Cartaz nacional do filme "Oppenheimer"(2023), de Christopher Nolan. Por Vanessa Delfino O filme "Oppenheimer" (2023), do Christopher Nolan, estreou dia 20 de julho, junto com "Barbie"(2023), da Greta Gerwig, e ambos os filmes já são verdadeiros marcos do cinema. Juntos, eles arrastaram milhões de pessoas às salas de cinema do Brasil e do mundo e o mais legal: como parte da muito bem-sucedida campanha de marketing, muitas pessoas foram assistir a ambos no mesmo dia (inclusive nós, Lucas e Vanessa). Lembrando que "Barbie" tem duas horas de duração e "Oppenheimer" tem três. Ou seja, são cerca de cinco horas dentro de uma sala de cinema e as pessoas estão indo, mesmo com a gente vivendo na era do streaming. Nada que bons filmes e uma boa campanha de marketing não possam fazer, não é? Mas vamos a Oppenheimer: o filme é realmente bom? Sim. "Oppenheimer" é, sem dúvidas, uma obra de arte cinematográfica. Com certeza, já pode ser consi...

Baile no Galpão

Dança típica de casal gaúcho      Por Vó Pema (Iracema Soares de Lima)      Jovenal, dono de uma estância com mais de mil cabeças de gado: um rebanho de ovelha a perder de vista.       Em uma manhã, antes do clarear do dia, Jovenal com os peões saíram, em uma campereada pelos campos. Tinha uma cerração fria, era começo da primavera. Aquela época em que os campos estão verdes e as flores rasteiras estão brotando em cores variadas de azul e amarelo. No horizonte, os primeiros sinais que a majestade, o sol, está chegando, vermelho com labaredas em formato de uma enorme bola de fogo. Passados alguns segundos a bola vai se transformando em cor de ouro, os raios começam a dar brilho: difícil de olhar para eles de olho nu. Maravilha criada por nosso Deus eterno, na campanha todas as manhãs, quando nasce o sol. Logo a cerração começa a baixar e o sol brilha.      Jovenal, cria da terra (para melhor entendimento, nascido e criado a...

É claro que é Galo

Por Ana Pera Borges Era uma vez uma linda menininha, muito bonitinha e muito engraçadinha, que todos a chamavam de Aninha. Ela tinha três aninhos e, como em todos os finais de semana ensolarados, foi com os pais ao Clube Jaraguá, em Belo Horizonte. Ela ia para encontrar seus priminhos Julinha, Lidinha, Tiago, Huguinho e Tulinho, da mesma idade. Sua família, sempre festeira, promovia um churrasco em um quiosque situado atrás de uma das quadras do clube, se era de voley, basquete, futebol de salão, não tem como saber. Nessa ocasião, Aninha estava sentada em um banco comprido na lateral da quadra com suas priminhas Julinha e Lidinha, e em um determinado momento alguma delas soltou: “Eu sou cruzeirense.”, e a irmã confirmou o mesmo gosto. Então, uma perguntou para a Aninha: “E você é atleticana ou cruzeirense?”. Ela, na ligeireza de uma criança de três anos, correu até o pai e, colocando-se diante dele, indagou: “Eu sou atleticana ou cruzeirense?”. Ele respondeu sem dúvida: “É clar...

Prelúdio para Eva

Por Iracema Soares de Lima Começo a contar histórias, verdadeiras. Eu sou alguém desconhecida para vocês, vocês não sabem quem sou? Por enquanto, vamos ficar no anonimato. Posso dizer que sou uma pessoa com deficiência visual há vinte e nove anos. Tudo começa em algum lugar encantado chamado de campo, ou fazenda, tanto faz. Os campos de cima da serra são famosos por suas belezas naturais; quando chega o outono, mês do campo verde e amarelado, linda paisagem. Durante três meses, o rigor do inverno, os campos totalmente secos do frio e da neblina, geadas, às vezes neve. Mês de agosto é o mês de luto, é tempo de queima do capim seco, um ser queimado, horas de chamas correndo campo afora acompanhadas pelos camponeses. Assim os campos amanhecem vestidos de preto, a chuva cai lavando o luto do campo, que fica amarronzado. Um ou dois dias de chuva são suficientes para os campos brotarem, para as pequeninas sementes das flores, para o verde renascer. A primavera vem chegando de mansi...

Bebê grão

Por Iracema Soares de Lima Escrito originalmente em 29 de abril de 2015. Sou um pequenino grão de terra que nasceu nos campos de cima da serra. O vento me movimentava de um lado para o outro, às vezes com leveza, Para amenizar as tempestades, que jogavam o pequeno grão de um lado a outro nas rochas. O grãozinho tomou forma, abriu os olhos e viu uma imensidão de azul e verdes dos campos e matas, e uma variedade de cores e tons coloridos entrelaçando-se entre os verdes. Gostou de ter olhos para ver, agradeceu as cores. O grão se moveu e sentiu que estava se transformando em um ser diferente. Ou melhor, tomando forma, movimentado pela chuva, vento e sol. Dois furinhos foram abrindo uns quatro centímetros abaixo dos olhinhos que estavam encantados com a beleza das cores. Senti tantas emoções, naqueles pequenos furinhos passava um ventinho que despertava todos os órgãos. Dentro de mim, um “tum-tum” vibrava. Senti um aperto dentro de mim, como uma explosão, e água encheu meus peque...

Crítica | “Babilônia” (2022)

Por Lucas Borba A convite da Paramount, compareci à cabine de imprensa de Babilônia, novo filme do diretor Damien Chazelle que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 19 de janeiro. Primeiramente, pois, agradeço a Paramount pela oportunidade e, em segundo lugar, como sempre fazemos aqui no Domínio Acessível, destaco que o longa felizmente entrará em cartaz com recursos de acessibilidade – incluindo audiodescrição, uma narrativa em off que descreve os elementos visuais da obra para pessoas com deficiência visual, como eu próprio. A trama nos apresenta a um retrato tão fiel quanto aparentemente exacerbado de Hollywood no final da década de 1920, em plena transição do cinema mudo para o cinema falado. Personagens em sua maioria fictícios, porém baseados em figuras verídicas, protagonizam representações dramáticas do que de melhor e de pior se fez naquele período em Los Angeles em nome da sétima arte com seres humanos sem as quais o cinema nunca existiria, do alto do mai...