Por Lucas Borba
Adoro a série
literária de Andrzej Sapkowski – embora, na
verdade, tenha lido apenas os cinco primeiros livros, os demais estão na minha
lista de leituras pendentes. Não é à toa, então, que fiquei empolgado logo que
a Netflix anunciou a adaptação das aventuras de Geralt de Rívia para uma
narrativa audiovisual seriada.
Com a estreia
da primeira temporada, gostei de como foram adaptados os primeiros contos de
Geralt ao mesmo tempo em que o arco de Ciri era organicamente inserido nos
episódios – o que para algumas pessoas soou confuso, mas para mim se apresentou
como um eficaz recurso de adaptação consideravelmente bem executado. Por outro
lado, um problema em particular já deixava os seus primeiros vestígios,
cresceria na segunda temporada e, agora, marca os quatro capítulos que compõem a
minissérie “The Witcher: A Origem”.
Sim, a Netflix
me disponibilizou acesso antecipado à minissérie, que entra como um presente de
Natal para os fãs do Lobo Branco no catálogo do streaming neste 25 de dezembro.
Agradeço à Netflix pela oportunidade e parabenizo o streaming por continuar
investindo na acessibilidade dos seus conteúdos, disponibilizando o título com
audiodescrição em português – esse serviço tão importante que descreve, por
meio de uma narrativa em off, os elementos visuais da obra para pessoas com
deficiência visual, como eu próprio. Na trama, voltamos mil e duzentos anos no
tempo em relação ao princípio da narrativa de “The Witcher” e acompanhamos os
eventos que resultam no surgimento do primeiro bruxo e na famigerada Conjunção
das Esferas – quando os mundos dos elfos, humanos e monstros se tornam um só.
Como é de se
esperar, tecnicamente a produção não deixa a desejar, com belos cenários, lutas
de espada bem coreografadas, um elenco engajado e com uma presença até maior de
cantigas do que na série original. O problema, que como dito foi se adensando
em “The Witcher” e é latente na minissérie, é a dificuldade da produção de dar
sal a uma narrativa que parece depender
apenas de marcas consolidadas de histórias de fantasia medieval. Veja bem,
jogos como “Dungeons & Dragons” mostram o quanto são inúmeras as
possibilidades de “storytelling” dentro desse tipo de universo, mas daí a
conceber uma trama que somente ressalta o universo pelo universo, sem pensar em
como gerar maior profundidade e intensidade para o que nos é apresentado, são
outros quinhentos. O elenco se esforça, mas o roteiro não consegue ir além de
uma mesmice broxante e, por falar nisso, nem mesmo um importante romance
convence dada a rapidez com que é vendido a nós, espectadores. A série
literária de Andrzej Sapkowski emana personalidade própria pela habilidade com
que o autor alia a boa escrita à construção de personagens, mas o projeto de
adaptação e expansão da Netflix para esse universo, ao contrário também de ótimos
games como “The Witcher 3”, cada vez encontra mais dificuldade para nivelar
esse cuidado ao audiovisual – que os ventos soprem em outra direção o quanto
antes.
“The Witcher:
A Origem” cumpre a sua função como isso mesmo, uma história de origem. Como
história independente, porém, é facilmente esquecível.
Nota: 3/5
“The
Witcher: A Origem” (The Witcher: Blood Origin) – Estados Unidos, 2022.
Criação: Declan
De Barra.
Duração: 50
minutos por episódio (em média).
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