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Crítica | “The Witcher: A Origem” (2022)

Cartaz da minissérie "The Witcher: A Origem" (2022)  Foto de uma montanha e de três pessoas. Na parte superior está o céu nublado e cinza, com uma pequena abertura branca à esquerda, através da qual passam raios que atingem uma enorme montanha cinza escura abaixo e que está coberta por musgo em algumas partes. Diante da montanha, na parte inferior à esquerda, estão três pessoas em pé e de costas, uma ao lado da outra. A pessoa da esquerda usa uma longa túnica preta e segura um machado com a mão direita e o apoia no ombro direito. A pessoa do meio usa capa preta e longa e tem cabelos avermelhados trançados. A pessoa da direita usa um longo casaco azul, tem cabelo ondulado e preto, carrega uma aljava com flechas nas costas e uma bainha de espada na cintura. Elas olham para um monolito longo e de ponta estreita localizado à frente delas, em uma parte mais afastada.   Na parte superior central lê-se em letras brancas maiúsculas: "UMA MINISSÉRIE NETFLIX". Abaixo está o título em letras prateadas maiúsculas: "THE WITCHER: A ORIGEM". Logo abaixo lê-se em letras brancas maiúsculas: "SÓ NA NETFLIX | 25 DE DEZEMBRO". "Netflix" está em vermelho.


Por Lucas Borba

Adoro a série literária de Andrzej Sapkowski – embora, na verdade, tenha lido apenas os cinco primeiros livros, os demais estão na minha lista de leituras pendentes. Não é à toa, então, que fiquei empolgado logo que a Netflix anunciou a adaptação das aventuras de Geralt de Rívia para uma narrativa audiovisual seriada.

Com a estreia da primeira temporada, gostei de como foram adaptados os primeiros contos de Geralt ao mesmo tempo em que o arco de Ciri era organicamente inserido nos episódios – o que para algumas pessoas soou confuso, mas para mim se apresentou como um eficaz recurso de adaptação consideravelmente bem executado. Por outro lado, um problema em particular já deixava os seus primeiros vestígios, cresceria na segunda temporada e, agora, marca os quatro capítulos que compõem a minissérie “The Witcher: A Origem”.

Sim, a Netflix me disponibilizou acesso antecipado à minissérie, que entra como um presente de Natal para os fãs do Lobo Branco no catálogo do streaming neste 25 de dezembro. Agradeço à Netflix pela oportunidade e parabenizo o streaming por continuar investindo na acessibilidade dos seus conteúdos, disponibilizando o título com audiodescrição em português – esse serviço tão importante que descreve, por meio de uma narrativa em off, os elementos visuais da obra para pessoas com deficiência visual, como eu próprio. Na trama, voltamos mil e duzentos anos no tempo em relação ao princípio da narrativa de “The Witcher” e acompanhamos os eventos que resultam no surgimento do primeiro bruxo e na famigerada Conjunção das Esferas – quando os mundos dos elfos, humanos e monstros se tornam um só.

Como é de se esperar, tecnicamente a produção não deixa a desejar, com belos cenários, lutas de espada bem coreografadas, um elenco engajado e com uma presença até maior de cantigas do que na série original. O problema, que como dito foi se adensando em “The Witcher” e é latente na minissérie, é a dificuldade da produção de dar sal a  uma narrativa que parece depender apenas de marcas consolidadas de histórias de fantasia medieval. Veja bem, jogos como “Dungeons & Dragons” mostram o quanto são inúmeras as possibilidades de “storytelling” dentro desse tipo de universo, mas daí a conceber uma trama que somente ressalta o universo pelo universo, sem pensar em como gerar maior profundidade e intensidade para o que nos é apresentado, são outros quinhentos. O elenco se esforça, mas o roteiro não consegue ir além de uma mesmice broxante e, por falar nisso, nem mesmo um importante romance convence dada a rapidez com que é vendido a nós, espectadores. A série literária de Andrzej Sapkowski emana personalidade própria pela habilidade com que o autor alia a boa escrita à construção de personagens, mas o projeto de adaptação e expansão da Netflix para esse universo, ao contrário também de ótimos games como “The Witcher 3”, cada vez encontra mais dificuldade para nivelar esse cuidado ao audiovisual – que os ventos soprem em outra direção o quanto antes.

“The Witcher: A Origem” cumpre a sua função como isso mesmo, uma história de origem. Como história independente, porém, é facilmente esquecível.

Nota: 3/5

“The Witcher: A Origem” (The Witcher: Blood Origin) – Estados Unidos, 2022.

Criação: Declan De Barra.

Duração: 50 minutos por episódio (em média).

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