Crítica | “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” (1ª temporada)

Por Lucas Borba

Importante: Confira, inicialmente, as minhas primeiras impressões a partir dos dois primeiros episódios da temporada - que estrearam em conjunto - e, por fim, a atualização deste post com meu veredito final após assistir a todos os nove episódios.

Assisti aos primeiros dois episódios de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder”, que entraram no catálogo do Amazon Prime Video nessa quinta-feira, dia 1º de setembro, e gostei bastante do que vi. Se a qualidade se manter, com certeza toda a espera e expectativa acerca do investimento envolvido na produção - com o magistral orçamento de um bilhão de dólares, tornando a série a mais cara até hoje - valeu a pena, embora no meu caso essa nem fosse uma estreia que eu estivesse aguardando tão ansiosamente. Por isso mesmo, observar o resultado promissor dos capítulos iniciais foi uma surpresa muito bem-vinda.

Até agora, a narrativa aparenta compreender que, para além dos fãs da obra de Tolkien, mesmo no caso do grande público marcado pela trilogia cinematográfica de Peter Jackson existe um amadurecimento sobre esse tipo de história, com tantos outros livros, games e franquias de fantasia medieval surgidos de lá para cá, inclusive inspirados na própria Terra Média. Ou seja, por mais imponente que a série se faça, somente recriar o deslumbramento ingênuo que foi novidade nos anos 2000 não é o bastante, e os episódios ainda tem por missão conversar com os não iniciados nessa mitologia. Felizmente, como dito, a série parece muito ciente desses desafios e, ao mesmo tempo que respeita o texto de Tolkien, atualiza a diversidade étnica e o discurso dicotômico entre bem e mal para um viés menos simplista e ainda mais filosófico.

É claro que, no caso de uma temporada com nove episódios, espera-se um maior apelo na construção e no desenvolvimento de personagens, mas a narrativa acerta em cheio no cuidado com os diálogos e em como vai estabelecendo as relações entre as personalidades e raças que nos vão sendo apresentadas aos poucos. O universo habitado por elfos, pés-peludos – antepassados dos hobbits -, homens e anões nos é mostrado gradualmente ao longo dos dois episódios, de modo que tenhamos tempo para nos identificarmos com uns ou outros e, consequentemente, sentirmos de fato a adrenalina e o peso da ameaça que começa a se descortinar. Esse cuidado na apresentação de mundo por parte dos episódios introdutórios ocasionalmente gera alguma quebra de ritmo – especialmente no segundo episódio -, mas nada que comprometa significativamente a experiência e, como explanado, justificada em grande medida. A trilha sonora também não tarda a nos cativar, com temas bem marcados e uma belíssima abertura, e toda a imponência já reconhecida nos cenários e o inteligente uso de efeitos práticos junto ao CGI apenas completam o serviço.

“O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” principia com assertividade e sensatez ao definir seu formato narrativo para o público atual, ao mesmo tempo que respeita e presta belas e constantes homenagens à obra original e à trilogia cinematográfica. Para que tamanho investimento gere retorno, parece haver uma clara determinação por parte dos criadores e do Prime Video no sentido de que, além do deslumbramento, recebamos uma boa história.

Exibidos os sete episódios restantes – será lançado um por semana, sempre às sextas-feiras -, publicarei aqui no blog um veredito final da temporada como um todo. Resta agora o Amazon Prime Video destinar uma pequena parcela de tamanho investimento para a acessibilidade comunicacional, disponibilizando o recurso de audiodescrição para pessoas com deficiência visual como eu próprio não somente no idioma original, mas também nos dublados, incluindo o português.

Assista ao vídeo com meu veredito final da temporada clicando neste link.

Nota: 3,5/5

“O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” (The Lord of the Rings: The Rings of Power) – 1ª temporada, episódios 01 e 02 - EUA, 2022

Criação: Patrick McKay e J. D. Payne

Duração: 60 minutos por episódio (em média)

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